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Arquitetos: Sahabat Selojene
- Área: 150 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:David Permadi, Ernest Theophilus, Martin Westlake
Descrição enviada pela equipe de projeto. O hotel foi construído como um esforço para introduzir uma hospitalidade contemporânea em Salatiga, na Indonésia, em um terreno estreito de 2,80 m por 12,00 m, que costumava ser um depósito de lixo. Com uma população de 200.000 habitantes em um clima ameno, devido à sua elevação de 600 metros acima do nível do mar, a cidade de Java Central é abençoada pelas vastas vistas das montanhas e lagos. Com apenas sete quartos, cada um com um tema diferente, o hotel se destaca como um novo marco na região. Seu terraço na cobertura se tornou um ponto de encontro para apreciar a natureza em meio a edifícios predominantemente baixos. A edificação ganhou o apelido de hotel mais esbelto já construído.
Ponto-chave do Projeto - O terreno estreito permaneceu por muito tempo no mercado sem interessados, já que sua largura era insuficiente para um estacionamento ou outros requisitos necessários para fins residenciais ou comerciais. O novo proprietário pediu uma permissão para construir mais pavimentos para compensar a falta de espaço. A solicitação foi aceita, mas com diretrizes rigorosas. Posicionado entre um beco de 3 metros de largura, um jardim vizinho e casas ao redor, o projeto começou com a decisão intencional de preservar um trecho de uma antiga parede perimetral, datada do início do século XX, como parte da narrativa do local. Durante a construção, isso se mostrou complicado, pois não era permitido fazer fundações devido à condição da parede e medo de danificar as ruas e estruturas vizinhas. Por isso, uma fundação convencional foi aplicada para lidar com o espaço de trabalho limitado e o lençol freático raso, mantendo a estabilidade para evitar tensões no edifício estreito. Detalhes meticulosos se entrelaçam entre as paredes existentes e as subestruturas profundas, além de reivindicar a linha original da propriedade ao curvar o edifício para fora a partir do segundo pavimento.
A arquitetura foi estrategicamente funcional, com equipamentos e uma área técnica na cobertura, projetados com grelhas de aço como parte da identidade da composição. Um detalhe em formato de brânquia na fachada leste configura uma abertura regular na parede de pedra agra vermelha, promovendo a ventilação natural na área de circulação. Considerando cada centímetro valioso, a disposição de 2 quartos em cada extremidade do edifício foi uma escolha evidente, enquanto as escadas e inclinações da grelha de aço foram projetados para conectar de forma transparente os diferentes níveis. Um elevador a vácuo com 75 cm de diâmetro, dotado de uma parede de acrílico, foi inserido no único espaço restante entre os quartos da parte posterior e a escada, proporcionando acessibilidade para pessoas com deficiência e facilitando o transporte de bagagens.
Inovação - Terrenos com formatos/dimensões peculiares, resultantes de regulamentações fundiárias ultrapassadas, crescimento urbano desorganizado e, neste caso específico, divisão de propriedades familiares, eram um problema recorrente em pequenas cidades da Indonésia. A falta de referências e o rigoroso processo burocrático tornavam esses terrenos difíceis de desenvolver, transformando-os em locais de despejo e criando elementos indesejáveis na paisagem urbana. Este projeto se tornou um exemplo de como converter essa limitação em potencial, envolvendo uma análise cuidadosa e apresentando uma abordagem de projeto ao comitê regulador de construção, permitindo manobrar dentro das regulamentações vigentes para configurar edifícios economicamente viáveis e socialmente benéficos.
No que diz respeito ao projeto, para atender às exigências de operação de um 'hotel', foram observadas as proporções ideais de conforto em relação à configuração de micro-quartos. Com dimensões de apenas 2,80 x 3,00 x 2,40 m (de altura), cada quarto proporciona uma experiência íntima semelhante a um ninho de descanso primitivo, ainda assim oferecendo comodidades modernas e compactas no seu interior. A inserção de diversas obras de arte originais acrescenta um toque pessoal, atuando como ponto inicial para cada tema. Degraus flutuantes e uma estreita passagem de 90 cm com um piso de grelha de aço, conectam os diversos quartos, criando um efeito de transparência na área de circulação dos seis pavimentos do edifício. Com a intenção de ampliar o espaço limitado, esse tipo de abertura também se mostra funcional na geração de fluxos de ar a partir das lacunas entre as paredes externas e a cobertura opaca em cada pavimento.
Como o projeto é benéfico? Em uma cidade onde predominam construções convencionais, a ideia de arquitetura impulsionando o progresso pode soar estranha. Os PituRooms oferecem uma alternativa para o desenvolvimento de cidades pequenas, algo que pode ser valioso tanto para os proprietários quanto para a melhoria geral da cidade. A operação exclusiva como um 'hotel' pode não ser sustentável a longo prazo, já que o conceito e a arquitetura talvez não atraiam visitantes por muito tempo. A verdadeira força dos PituRooms está em seus programas regulares que convidam os hóspedes a se engajarem em iniciativas comunitárias, explorando o potencial futuro de Salatiga. Atividades como oficinas criativas, passeios a pé pela natureza e descoberta de trilhas escondidas próximas à cidade provaram ser populares e economicamente vantajosas para os habitantes locais. Esse modelo pode ser aplicado em cidades pequenas semelhantes por a Ásia.